sexta-feira, 27 de abril de 2012

O pinico de Niemeyer

Fernando Caldeira

Jornalista e Radialista


Inaugurada em 21 de abril de 1960, sendo a terceira capital do Brasil, Brasília tem população aproximada de 2,5 milhões de habitantes e possui o segundo maior produto interno bruto per capita do país.
Todos que a conhecem extasiam-se com a beleza de seus prédios, de sua arquitetura, de sua distribuição geográfica. Seu planejamento é inigualável para uma cidade projetada na década de 50. Brasília é linda e deu origem a um povo igualmente lindo em todos os sentidos. Nisso não há contestação!

A contestação que existe, parte exatamente de um de seus próceres: Oscar Niemeyer! Logo ele que, ao lado do também arquiteto Lúcio Costa, planejou e projetou Brasília para que o mundo admirasse: "Projetar Brasília para os políticos que vocês colocaram lá, foi como criar um lindo vaso de flores pra vocês usarem como pinico", disse. E foi mais longe: "Hoje eu vejo, tristemente, que Brasília nunca deveria ter sido projetada em forma de avião, mas sim de camburão!", arrematou.

Brasília é maravilhosa. O poder político que ela sedia, contudo, lhe deforma a imagem. Palavra de Niemeyer que, tenho certeza, fala por toda nação.

Pra que tanta beleza para que Dirceus, Demóstenes, Severinos e Jeffersons da vida sejam Deputados e Senadores representantes do povo e dos Estados?

É isso que traz o arrependimento do centenário Niemeyer!

Ou o povo brasileiro apura seu voto e limpa Brasília dessa nefasta companhia que de quatro em quatro anos lhe arranjam, com raras exceções, ou nosso velho arquiteto é fortíssimo candidato a morrer profundamente arrependido.

Até que isso aconteça, vale a máxima do jornalista e escritor Joel Silveira, "a víbora", segundo Chateaubriand, que diz: "Brasília, se cobrir vira um circo; se cercar, vira um presídio!"

 

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