O senador Cássio Cunha Lima discursou nesta quarta-feira (11), da
Tribuna do Senado Federal de onde agradeceu os gestos de carinho e
solidariedade das pessoas de várias partes do Brasil e em particular da
Paraíba para com a sua família por causa do falecimento do Poeta Ronaldo
Cunha Lima, ocorrido no último sábado, 7 de julho. Segue na íntegra, o
discurso do senador Cássio.
O SR. CÁSSIO CUNHA LIMA (Bloco/PSDB – PB. Pela liderança. Sem revisão
do orador.) – Sr. Presidente, Sras. Senadoras e Srs. Senadores, cumpro,
neste instante, o doloroso dever de agradecer ao Brasil, à Paraíba e
muito particularmente à Campina Grande e, de maneira especial, a esta
Casa, pelas homenagens que foram prestadas pelo falecimento do meu pai
Ronaldo Cunha Lima.
Claro que nenhum filho gostaria de estar fazendo um agradecimento desta natureza.
Mas foi o meu próprio pai que dentre tantas lições de vida que nos
deixou pautadas todas pela correção, pela hombridade e pela ética, pela
seriedade que dizia meu filho quem sabe pedir tem que saber agradecer.
E
as homenagens que o meu pai recebeu nesses últimos dias não foram
pedidas, foram na verdade construídas passo a passo por uma vida marcada
pela dedicação à causa pública. Dizia ele também, Senadora Ana Amélia:
“Não faço política como negócio, faço política como sacerdócio”.
E foi sim um sacerdócio de vida do advogado, do membro do Ministério
Público, do poeta, acima de tudo, do poeta Ronaldo Cunha Lima que foi
lembrado aqui de forma tão generosa através do Senador Aníbal Diniz na
citação do habeas pinho, petição em versos feita para liberar um violão
preso em uma seresta, Senador Capibaribe. E eu quero nesse momento de
dor louvar a Deus em primeiro lugar desta Tribuna pela vida do meu pai.
Louvar a Deus pela existência que ele teve, intensa, extremamente
intensa em toda a sua trajetória de 76 anos de existência. Repetir aqui o
que ele havia feito em vida, pedir perdão pelos eventuais erros
cometidos, mas sabendo que ao longo dessa trajetória, Ronaldo Cunha
Lima, o meu pai, se notabilizou pela fraternidade, pelo amor, pela
correção nas relações de lealdade.
Ao tempo em que nós louvamos a Deus pela sua vida, nós estamos sim,
eu os meus irmãos, Ronaldo Filho, Glauce, Savigny e, sobretudo, a minha
mãe Glória, uma baraúna, uma mulher forte, uma mulher exemplar,
agradecendo desta tribuna as autoridades do Brasil inteiro ao Governador
Ricardo Coutinho, ao Prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital do
Rego, a todos.
...a todos os Senadores e Senadoras que aqui se manifestaram – e não
vou nominá-los neste instante para não pecar por omissão –, o
agradecimento que também é em nome dos netos, dos sobrinhos, dos irmãos,
das noras de Ronaldo – e, hoje, uma nora muito querida dele, Sílvia,
minha esposa, está completando mais um ano de vida, e a ela os meus
parabéns, de forma muito carinhosa. Mas o agradecimento principal que
quero deixar nesta tribuna é ao povo da Paraíba, ao mais anônimo e
humilde paraibano que compareceu às cerimônias dos funerais de meu pai,
seja no Palácio da Redenção, seja em Campina Grande, onde ele foi velado
embaixo da pirâmide do Parque do Povo, Parque do Povo que ele criou
como prefeito para realizar aquilo que o Brasil inteiro e o mundo em
parte já conhecem, que é o maior São João do mundo. E uma multidão, uma
verdadeira multidão, com lágrimas, com aplausos, com sentida e
verdadeira emoção, ali compareceu para prestar essa última homenagem ao
poeta Ronaldo.
E o poeta dizia, um terceto muito simples: “A vida é uma belezura,
vale mais pela largura do que pelo comprimento”. E os poetas não morrem.
E ficará, com certeza, na memória do povo da Paraíba e do povo do
Brasil, o advogado, o homem do Ministério Público, o tribuno, o Senador –
e meu pai foi, Senadora Marta, talvez um dos poucos paraibanos, talvez
raros no Brasil, que recebeu todos os diplomas que um homem público pode
receber de um Tribunal Regional Eleitoral. Todos os cargos eletivos no
âmbito de um Estado foram por ele exercidos, com igual dignidade, com
decência, com espírito público: Vereador, Prefeito de Campina Grande,
Deputado Estadual, Governador da Paraíba, Deputado Federal e Senador da
República. A rigor, só lhe faltou o diploma de Presidente da República.
Em todos esses cargos, exercendo sempre com essa filosofia de quem faz
política como um sacerdócio, e não como negócio.
Agradeço, em nome de toda a minha família, em meu nome pessoal,
naturalmente, por todas essas manifestações fraternas e de solidariedade
que recebemos.
Oportunamente, teremos uma sessão especial nesta Casa, já requerida
pelo Senador Cícero Lucena e subscrita pelo Presidente Sarney, para que
possamos homenagear a memória, e digo sem nenhuma suspeição, desse
extraordinário brasileiro que foi Ronaldo José da Cunha Lima.
Os poetas não morrem...
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