A iniciativa de recorrer aos palhaços
candidatos parte dos próprios partidos – um bom puxador de votos pode
render uma ou mais cadeiras legislativas a uma legenda e, dessa forma,
garantir vaga para políticos que não andam tão populares entre os
eleitores. E uma das siglas mais incentivadoras do humor na política é
justamente o PR de Tiririca, primeiro palhaço a obter uma vaga no
Congresso.
Edvalgo Hermenegildo é o nome de batismo
do Palhaço Bubu, que não brinca ao falar de sua candidatura a vereador
de Mogi das Cruzes, cidade na Grande São Paulo sob influência política
do deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP), réu do mensalão. Bubu é
conhecido na cidade, onde costuma atrair clientes às lojas de rua com
suas palhaçadas e é mascote do time local de basquete. “Vou criar circos
profissionalizantes que atuem nos bairros da cidade para tirar as
crianças das ruas”, propõe o candidato palhaço, com seriedade.
Em Jundiaí, o PR aposta em Maurilio
Cayres, ou melhor, Rick Kelly, que há 31 anos atua em um grupo de
teatro. Além das andanças – e palhaçadas – pelas ruas da cidade, ele
aposta no programa de TV ao lado de Tiririca para chegar à Câmara. A
exemplo do deputado, Rick Kelly vai fazer campanha caracterizado de
palhaço – “um abestado qualquer, um burro que está defendendo o povo” – e
diz não saber como é o trabalho de um vereador. Mas já promete “ouvir o
povo e fazer o que eles quiserem”. “Daí, vou conversar com o prefeito e
ver o que a gente pode fazer”, afirma Rick Kelly.
Variedade. As cidades paulistas somam a
maior quantidade de candidatos que vivem de fazer os outros rir. São 19,
todos espalhados pelo interior do Estado, em cidades como Campinas,
Araçatuba e São José dos Campos.
Mas a onda Tiririca vai além de São
Paulo e chegou a Estados como Bahia, Amazonas, Rio Grande do Norte e
Alagoas, entre outros. Capitais como Rio, Porto Alegre, Aracaju, Rio
Branco, Manaus, Fortaleza e Campo Grande também terão palhaçadas no
horário eleitoral gratuito.
Para o cientista político da
Universidade de Brasília (UnB) João Paulo Peixoto, o fato de uma figura
como Tiririca ter chegado ao Congresso estimula candidaturas do mesmo
perfil. Embora reconheça que manifestações desse tipo fazem parte da
democracia, Peixoto avalia o fenômeno como a forma mais visível da
descrença na política. “Você tem um palhaço eleito deputado e toda a
repercussão em torno disso depõe contra a política.”

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