A região do Vale do Sabugí
esteve habitada por diversos grupos indígenas os quais podemos classificá-los
como sendo da nação dos tarairiús. Sob um regime semi-nômade, esses grupos
estiveram habitando a região onde atualmente se localiza o rio Quipauá (Capauá),
o qual é uma intercessão dos riachos do Saco e das Marias Pretas, ambos
advindos da região serrana do Planalto da Borborema.
Sob o regime da colonização
portuguesa as terras do Vale do Sabugí foram doadas a sertanistas como Matias
Vidal de Negreiros, o qual não estabeleceu, pelo que se sabe, moradia para
povoar a região ainda no início do século XVIII. Junto a região norte do atual
município, um outro teria habitado a região da Cachoeira do Angá ou Ingá,
fazendo sua doação a um terceiro o qual haveria de estabelecer residência e
fazenda. Foi o português Geraldo Ferreira Neves que plantou moradia junto ao
riacho das Marias Pretas e construiu casa de fazenda e currais de gado. Seu
falecimento aconteceria ainda quando construíra família, o que possibilitou a
um sobrinho seu, homônimo e herdeiro de suas terras que compreendiam os sítios
Tamanduá, São Domingos, Santo Antônio, Santa Luzia, Picotes e Olho D’água
Grande. Este, Geral do Sobrinho, ainda adicionara a sua extensa propriedade a
sesmaria de trÊs léguas junto ao riacho do Saco.
Em 10 de fevereiro de 1756 o
português Geraldo Sobrinho fez doação de meia légua de suas terras, entre os
riachos Marias Pretas e Saco (não havia ainda nenhum dos dois açúdes que banham
a cidade) para que fosse construída uma capela em honra a Virgem e Mártir Santa
Luzia, o que teria sido ainda um pedido de seu tio, havendo de os herdeiros
terem que mantê-la com uma contribuição de 6 mil réis.
Sem nenhuma evidência de como
seria a primitiva capela, acreditamos que segundo as dimensões ela não seria de
grande porte, já que a região só veio a desenvolver-se como povoado já no
século XIX. Entretanto, todas as bibliografias consultadas (no final estão
enunciadas) apontam o ano de 1773 como marco inicial para a construção da igreja
de Santa Luzia.
A partir das datações contidas,
inicialmente pertencemos a Paróquia de Santana de Caicó - RN, ainda como
capela. Em alguns dos seus livros de batismo e casamento há o deslocamento de
pessoas que residiam no sítio Santa Luzia para casarem-se e serem webatizados
naquela matriz. A partir de 1788, com a criação da Paróquia de Nossa Senhora da
Guia de Patos - PB, deixaríamos oficialmente de estarmos ligado àquela
freguesia, não deixando, entretanto, os laços familiares, afetivos e religiosos
que até hoje nos projetam aquela, hoje, diocese riograndense sob a proteção de
Senhora Santana.
A referida capela passou por
pequenos reparos e durante um século pouco houveram reparos, cuja conseqüência
é “tomou o nome de ‘igrejinha’” segundo os relatos de D. Teresa Medeiros em seu
livro “A matriz de Santa Luzia na minha vida”, do ano de 2002, de quem
indicamos a leitura por ser memória viva de nossa gente e de nossa fé.
Tendo havido o desenvolvimento
e sob os moldes do Segundo Reinado, quando ainda havia relações amistosas da
Igreja e Estado, o povoado de Santa Luzia do Sabugí foi elevado a categoria de Freguesia (o que corresponde hoje a
Paróquia) de Santa Luzia, por força de lei provincial no 14 de 06 de outubro de 1857,
sancionada pelo então presidente da província da Parahyba do Norte, Dr. Manoel
Clementino Carneiro da Cunha.
É do conhecimento que a
igrejinha recebeu reparos entre os anos de 1872 e 1873, ou seja, logo depois da
elevação do distrito a categoria de Vila de Santa Luzia do Sabugí, na época do
paroquiato de Padre Manoel Tertuliano, o qual fez o aumento da igreja, a ereção
das torres, além da construção da primeira casa paroquial, localizada onde está
hoje o salão paroquial e a residência ao lado. Ali também haveria de ter sido
construída a primeira casa da fazenda do português Geraldo Ferreira Neves.
Logo depois, no paroquiato do
padre Jovino Machado houve o ornato interno e externo com cal, feito o forro,
as tribunas laterais, o côro e o piso da matriz. Os sinos da matriz, conhecidos
pelos seus belos tons e sequências de toques modificados segundo a festa ou
acontecimento da Igreja ou cidade, foram comprados nesta época de seu
paroquiato além do material utilizado ainda hoje pela Irmandade do Santíssimo
Sacramento: a cruz processional, as tochas, vestes de bênção e hostensório.
Foi nosso primeiro pároco o
Padre Manuel Cordeiro da Cruz até o fim do ano de 1857. O mesmo foi antecedido
por capelões que por essa paróquia fizeram seus primeiros serviços de acompanhamento
e semeadura da fé cristã.
Fonte: Paróquia de Santa Luzia
Nenhum comentário:
Postar um comentário