quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Meio século de música do Maestro Chiquito

Ele é Francisco Fernandes Filho, tem 59 anos é casado e tem quatro filhos. Natural de Santa Luzia, filho de seu Pixico de Maria Camilo e de D. Ananízia de Maria Viúva. Estou falando do Maestro Chiquito, trompetista da Orquestra Sinfônica da Paraíba desde 1982. É bacharel em música pela UFPB desde 1984 e nesse mesmo ano fundou a Orquestra Metalúrgica Filipéia. Muitos trabalhos vieram depois mais agora eu quero escrever um pouco sobre o menino de nove anos de idade que já tocava em bandas de baile.

Isso mesmo. Aos nove anos o filho de seu Pixico que tocava violão e era arquivista da banda de música de Santa Luzia e que veio a falecer no ano em que o Maestro Chiquito nasceu e da dona Ananízia, professora na zona rural, já começava a viver a influência das artes na sua vida.

"Aos nove anos eu fazia circos, grupos de teatro e orquestras de lata. Tudo que saia em Santa Luzia nós já fazíamos um cover mirim. Escutava muito as rádios, precisamente a Rádio Espinharas e a Rural de Caicó” falou Chiquito. Logo queria saber de onde viera essa influência musical que deixou características tão marcantes no maestro. Chiquito não sabia ao certo, mais acha que  essa influência veio dos grupos que ele criava na infância, mais finaliza de forma sucinta: ‘’Apenas vocação’’. Logo ele me fala de uma época que segundo ele mesmo era de informações mínimas e que mesmo não havendo incentivo, eles iam fazendo. Quando lhe pergunto do estilo que  mais o influenciou, descontraído ele me respondeu: Quer saber? Essas coisas de rico, como estilo, calor, frio, bulling.... A gente não sabia o que era. Em nível musical tocava tudo que ouvia na rádio.

Não ficando convencida eu quis saber o que escutava o maestro que entre tantas de sua composições podemos citar parcerias com Flávio José, Clã Brasil, Banda Magníficos, Escolas de Samba e Metalúrgica Filipéia. O que escutava esse maestro? De forma direta ele me disse: “tudo que era bom: Jorge Bem, Tim Maia, João Bosco, Elis Regina, Jamelão, Nelson Gonçalves, Agnaldo Rayol, Francisco Petrônio, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Trio Nordestino e Marines e ainda finalizou: Por isso que agente tem desgosto quando escuta os cantores de hoje. Costumo dizer que existem três tipos de cantores: Os bons, os ruins e os de hoje”.

Por falar nos cantores de hoje tratei logo de saber o que ele achava dessas novas bandas. Sem arrodeios Chiquito me disse “que isso está se caracterizando uma nova escola de época. As bandas que não são bandas e que tocam forró que não é forró. Não encontraram um nome esse movimento ainda ai mudaram o nome do forró para forró pé de serra”. E esse novo forró? Um forró mais eletrônico? “Pois é! O forró faz parte de uma escola de época que eu denominaria de Escola Nordestina. Ariano Suassuna denominou de Armorial. Uma escola de época e mais ou menos como uma gravidez: ou é, ou não é. Precisamos encontrar um nome para esse novo movimento porque forró não é, não vai ser e nunca será isso. Não tem nada haver com qualidade, existem grupos (que não são bandas) bons e ruins”completou o maestro.

O maestro como já sabemos é componente da Orquestra Sinfônica da Paraíba e fundador da Orquestra Metalúrgica Filipéia, também é fundador do Grupo Clã Brasil, onde tem dois dos seus quatro filhos no grupo. Fundou ainda a orquestra Sinfônica do Cariri, as bandas marciais do Colégio Estadual Padre Jerônimo Lauwen e da Escola Ana Brito de Santa Luzia e do Junco do Seridó, além da Escola de Samba Unidos da Ilha e o um bloco carnavalesco chamado Andrada. O flamenguista convicto foi além e chegou a fundar até um time de futebol. Desde setembro do ano passado, o Maestro Chiquito é coordenador dos coros do Estado da Paraíba.

Após conversar por horas com Chiquito eu ainda tinha a curiosidade de saber quais as músicas preferidas do maestro. Na minha cabeça eu pensava em Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro ou outros do gênero. Mais uma vez fui surpreendida: My Love de Paul McCartney depois ele me falou de Estrada de Canindé (Luiz Gonzaga) até então justificado uma vez que ele havia falado que escutava tudo que era bom. E da sua obra o que você mais gosta? Valentina-519. Pensei então que se tratava de uma mulher. Valentina. Chiquito me disse que Valentina 519 era um ônibus que existia que agora mudou o nome para Valentina 5120, trata-se de uma música instrumental e atonal. Vai entender o que passa na cabeça dos gênios.

Já no final de nossa conversa, lhes perguntei sobre preconceito. De forma breve ele me disse “como se sabe preconceito vem da falta de informação”. Isso porque ele foi para a universidade numa época em que música não estava entre as primeiras opções de formação. “Os próprios estudantes de música não sabem que é uma das profissões que está em melhor situação no mercado. Uma pessoa que tem doutorado em música ganha muito bem. A verdade é que tem muita gente querendo ganhar muito sem estudar” finalizou Chiquito.

Quem quiser conhecer de perto o trabalho desse gênio, ele estará aqui nessa sexta, 14 de dezembro, às 19h, no Largo da igreja de Nossa Senhora da Conceição apresentando o Auto de Natal da FUNES (Fundação Ernani Sátyro) em parceria com o Governo do Estado.  Trata-se de um evento imperdível que como diz o Maestro Chiquito é uma oportunidade de Se Escutar Tudo Que É Bom.
 
Fonte: Paraíba Hoje

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