Isso mesmo. Aos
nove anos o filho de seu Pixico que tocava violão e era arquivista da
banda de música de Santa Luzia e que veio a falecer no ano em que o
Maestro Chiquito nasceu e da dona Ananízia, professora na zona rural, já
começava a viver a influência das artes na sua vida.
"Aos nove anos
eu fazia circos, grupos de teatro e orquestras de lata. Tudo que saia em
Santa Luzia nós já fazíamos um cover mirim. Escutava muito as rádios,
precisamente a Rádio Espinharas e a Rural de Caicó” falou Chiquito. Logo
queria saber de onde viera essa influência musical que deixou
características tão marcantes no maestro. Chiquito não sabia ao certo,
mais acha que essa influência veio dos grupos que ele criava na
infância, mais finaliza de forma sucinta: ‘’Apenas vocação’’. Logo ele
me fala de uma época que segundo ele mesmo era de informações mínimas e
que mesmo não havendo incentivo, eles iam fazendo. Quando lhe pergunto
do estilo que mais o influenciou, descontraído ele me respondeu: Quer
saber? Essas coisas de rico, como estilo, calor, frio, bulling.... A
gente não sabia o que era. Em nível musical tocava tudo que ouvia na
rádio.
Não ficando
convencida eu quis saber o que escutava o maestro que entre tantas de
sua composições podemos citar parcerias com Flávio José, Clã Brasil,
Banda Magníficos, Escolas de Samba e Metalúrgica Filipéia. O que
escutava esse maestro? De forma direta ele me disse: “tudo que era bom:
Jorge Bem, Tim Maia, João Bosco, Elis Regina, Jamelão, Nelson Gonçalves,
Agnaldo Rayol, Francisco Petrônio, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro,
Trio Nordestino e Marines e ainda finalizou: Por isso que agente tem
desgosto quando escuta os cantores de hoje. Costumo dizer que existem
três tipos de cantores: Os bons, os ruins e os de hoje”.
Por falar nos
cantores de hoje tratei logo de saber o que ele achava dessas novas
bandas. Sem arrodeios Chiquito me disse “que isso está se caracterizando
uma nova escola de época. As bandas que não são bandas e que tocam
forró que não é forró. Não encontraram um nome esse movimento ainda ai
mudaram o nome do forró para forró pé de serra”. E esse novo forró? Um
forró mais eletrônico? “Pois é! O forró faz parte de uma escola de época
que eu denominaria de Escola Nordestina. Ariano Suassuna denominou de
Armorial. Uma escola de época e mais ou menos como uma gravidez: ou é,
ou não é. Precisamos encontrar um nome para esse novo movimento porque
forró não é, não vai ser e nunca será isso. Não tem nada haver com
qualidade, existem grupos (que não são bandas) bons e ruins”completou o
maestro.
O maestro como
já sabemos é componente da Orquestra Sinfônica da Paraíba e fundador da
Orquestra Metalúrgica Filipéia, também é fundador do Grupo Clã Brasil,
onde tem dois dos seus quatro filhos no grupo. Fundou ainda a orquestra
Sinfônica do Cariri, as bandas marciais do Colégio Estadual Padre
Jerônimo Lauwen e da Escola Ana Brito de Santa Luzia e do Junco do
Seridó, além da Escola de Samba Unidos da Ilha e o um bloco carnavalesco
chamado Andrada. O flamenguista convicto foi além e chegou a fundar até
um time de futebol. Desde setembro do ano passado, o Maestro Chiquito é
coordenador dos coros do Estado da Paraíba.
Após conversar
por horas com Chiquito eu ainda tinha a curiosidade de saber quais as
músicas preferidas do maestro. Na minha cabeça eu pensava em Luiz
Gonzaga, Jackson do Pandeiro ou outros do gênero. Mais uma vez fui
surpreendida: My Love de Paul McCartney depois ele me falou de Estrada
de Canindé (Luiz Gonzaga) até então justificado uma vez que ele havia
falado que escutava tudo que era bom. E da sua obra o que você mais
gosta? Valentina-519. Pensei então que se tratava de uma mulher.
Valentina. Chiquito me disse que Valentina 519 era um ônibus que existia
que agora mudou o nome para Valentina 5120, trata-se de uma música
instrumental e atonal. Vai entender o que passa na cabeça dos gênios.
Já no final de
nossa conversa, lhes perguntei sobre preconceito. De forma breve ele me
disse “como se sabe preconceito vem da falta de informação”. Isso porque
ele foi para a universidade numa época em que música não estava entre
as primeiras opções de formação. “Os próprios estudantes de música não
sabem que é uma das profissões que está em melhor situação no mercado.
Uma pessoa que tem doutorado em música ganha muito bem. A verdade é que
tem muita gente querendo ganhar muito sem estudar” finalizou Chiquito.
Quem quiser
conhecer de perto o trabalho desse gênio, ele estará aqui nessa sexta,
14 de dezembro, às 19h, no Largo da igreja de Nossa Senhora da Conceição
apresentando o Auto de Natal da FUNES (Fundação Ernani Sátyro) em
parceria com o Governo do Estado. Trata-se de um evento imperdível que
como diz o Maestro Chiquito é uma oportunidade de Se Escutar Tudo Que É
Bom.
Fonte: Paraíba Hoje

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