A desertificação no território paraibano
é algo sério e que avança de forma preocupante a cada dia.
Especialistas alertam que se nada for feito e o estado atual de
degradação ambiental continuar, é provável que em 100 anos o semiárido
paraibano esteja totalmente árido. Isso significa que a vegetação
paraibana corre sérios riscos de desaparecer de vez, o que seria
catastrófico para a população.
De acordo com os dados repassados por
ambientalistas, com base no relatório sobre mudanças climáticas,
elaborado pelo Greenpeace, mais de 93% do território do estado da
Paraíba está suscetível ao processo de desertificação. Isso significa
que 1,66 milhão de pessoas – a metade da população paraibana – está
sofrendo com os drásticos efeitos do processo devastador. Na Paraíba,
208 dos 223 municípios – 93,27% estão suscetíveis a desertificação – e o
processo avança a cada dia.
Para que a interferência do homem não
prejudique ainda mais o semiárido paraibano, a Universidade Estadual da
Paraíba (UEPB), através dos professores doutores Hermes Alves de Almeida
e João Damasceno, do Departamento de Geografia do Campus I, está
desenvolvendo dois projetos de pesquisas relacionados à degradação
ambiental e mudanças climáticas. Alguns alunos dos professores também
estão envolvidos na experiência que vai estudar as causas e as
consequências desses fenômenos intrigantes.
Financiado pelo CNPq e UEPB/Propesq,
através de edital, o projeto está em fase de execução e estuda o
fenômeno da desertificação. Além disso, vai replantar áreas degradas
pela ação do homem. Para isso, um moderno equipamento, chamado Estação
Meteorológica Automática (EMA), foi instalado em um dos polos
desertificados do Estado, na região do Seridó Ocidental.
O professor Hermes Almeida, coordenador
dos projetos, explica que a ideia é aplicar novas geotecnologias e
estabelecer a complexa relação solo-planta-atmosfera, que possibilitem
estimar o potencial de captação da água da chuva e a capacidade de
infiltração da água no solo.
A estação meteorológica automática (EMA)
da Campbell Scientific, que custou R$ 17 mil e foi financiada pelo
CNPq, está instalada no sítio Água Fria, em São José do Sabugi. A
operacionalização da estação experimental é apenas uma parte do projeto.
A outra etapa do experimento, como o diagnóstico climático da área
estudada dos municípios que compõem o núcleo, já está sendo realizada
desde o ano passado quando o projeto começou a ser executado.
A EMA é composta de uma unidade de
memória central (Data logger- CR 1000 e painel solar), ligada a vários
sensores meteorológicos para medidas da pressão atmosférica, temperatura
do ar e umidade relativa, precipitação pluvial, irradiação solar
global, direção e velocidade do vento (anemômetro sônico) e dados
micrometeorológicos derivados, que integram os valores observados minuto
a minuto, horário e diário, com coleta direta via computador ou
transmissão modem celular.
Área devastada será recuperada
Uma
das metas do projeto é recuperar uma área com dez hectares, em processo
de degradação ambiental, com o plantio de espécie arbóreo-arbustiva
nativa na estação chuvosa. Assim, a área experimental que foi desmatada
será replantada com espécies nativas, conforme frisou o professor
Hermes. As mudas serão adquiridas no horto da UEPB e de outras
instituições comprometidas com o meio ambiente. Antes de replantar a
área, a equipe de professores e alunos da UEPB vai fazer um diagnóstico
no local para saber quais as espécies que existiam na região devastada.
Professor Hermes observa que este
projeto talvez seja um dos mais completos do tema desertificação,
estudando as causas e efeitos desse fenômeno mediante a caracterização
física (micrometeorológica) e ambiental de uma área experimental em
processo de desertificação. “De forma geral, queremos estabelecer as
condições ambientais de susceptibilidade das terras à desertificação dos
municípios que compõem o referido núcleo de desertificação”, comentou.
Além da pesquisa, o projeto tem a parte
de extensão universitária, mediante palestras e oficinas, nas escolas do
município de São José do Sabugi e de outros seguimentos, transferindo
as técnicas de educação e gestão ambiental de como conviver no semiárido
sem degradar o ambiente.
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