Começa nesta segunda-feira, às 17h, a batalha jurídica que pode mudar
a classificação final do Campeonato Brasileiro. Portuguesa e Flamengo
serão julgados na sede do Superior Tribunal de Justiça Desportiva
(STJD), no Centro do Rio de Janeiro, em sessão que interessa diretamente
ao Fluminense, que pode escapar da degola dependendo do resultado.
Estarão em análise as escalações de André Santos, pelos rubro-negros,
contra o Cruzeiro, e Héverton, pela Lusa, contra o Grêmio, na última
rodada da competição. Os dois foram suspensos em julgamento na
sexta-feira e escalados no fim de semana, o que acarretou uma notícia de
infração feita pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) ao
tribunal. Ambos os clubes foram denunciados no artigo 214 do Código
Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) e podem perder até quatro pontos
na tabela, cada. O julgamento será acompanhado em tempo real pelo
GloboEsporte.com.
Caso Portuguesa e Flamengo percam os pontos, o
time paulista será rebaixado e o Fluminense permanecerá na Série A do
Brasileiro. Se somente o Flamengo perder pontos, a Portuguesa fica na
elite, o Fluminense também e os rubro-negros terão de disputar a Série B
em 2014. No caso de apenas a Lusa ser punida, ela é rebaixada, e o
Fluminense sobe. O caso pode se prolongar, com os recursos das partes ao
Tribunal Pleno, a instância máxima da Justiça Desportiva, até o dia 27,
data que o órgão estima como limite para solução deste caso e também do
processo que trata da violência na partida entre Vasco e Atlético-PR em
Joinville. Cariocas e paranaenses já foram julgados em primeira
instância pela 4ª Comissão Disciplinar na última sexta-feira e, além de
multa, pegaram oito e 12 perdas de mando de campo, respectivamente,
sendo que metade da pena de ambos terá de ser cumprida com portões
fechados.
Os
casos de Flamengo e Portuguesa serão julgados pela 1ª Comissão
Disciplinar, presidida por Paulo Valed Perry, filho de Valed Perry,
consultor jurídico da CBF. O relator do processo da Portuguesa será
Felipe Bevilacqua de Souza, do Rio de Janeiro, e o relator do processo
que tem o Flamengo como réu será Luiz Felipe Bulus Alves Ferreira, do
Distrito Federal. Os demais auditores que participarão da votação no
julgamento serão Vinicius Augusto Sá Vieira (SP) e Douglas Blackhman (RJ
- auditor suplente). O auditor Washington Rodrigues de Oliveira (SP)
foi declarado impedido de participar do julgamento, nos termos do artigo
18 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), por ter se
manifestado publicamente - em rede social - sobre o objeto da causa.
Será substituído pelo suplente Blackhman.
De acordo com o
regimento interno do STJD, os auditores são escolhidos por maioria de
votos no Pleno, podendo ser indicados por qualquer membro do tribunal.
Cada auditor do Pleno escolhe um nome da lista de indicados por vaga a
ser preenchida. Já a escolha da comissão que julgará cada caso é
dirigida e fica a cargo da secretaria do tribunal, conforme o artigo 32
do regimento: "Os processos de competência das Comissões Disciplinares
serão distribuídos pela Secretaria de forma dirigida, levando-se em
conta a data de seu recebimento, os prazos legais aplicáveis e as pautas
de cada Comissão Disciplinar, de modo a permitir que sejam julgados da
forma mais célere possível". O artigo 33 acrescenta que a escolha do
relator de cada processo tem de ser feita por sorteio. Também estará
presente, representando a Procuradoria, o sub-procurador geral William
Figueiredo de Oliveira, também do Rio de Janeiro.
O início da
pauta está marcado para 17h. O julgamento da Portuguesa está previsto
para ser o primeiro. O Flamengo, contudo, deu entrada em pedido para ser
homologado como terceiro interessado no processo na última sexta-feira.
Como a Lusa usa argumentos que também serão sustentados pelos
rubro-negros, o advogado que defenderá o clube da Gávea, Michel Asseff
Filho, entrou com o pedido no tribunal para poder fazer uma sustentação
desses argumentos em comum já no julgamento do clube paulista, para não
exaurir o tema antes do início da análise do processo de infração do
Flamengo. A Portuguesa será defendida pelo advogado João Zanforlin, que
presta normalmente serviços ao Corinthians. O Fluminense também deu
entrada em pedido para ser registrado como parte interessada e deverá
ser representado pelo advogado Mário Bittencourt.
Iniciada
a sessão no STJD, são anunciados os componentes da mesa. Em seguida,
será lido o parecer da Procuradoria. A sessão continua com oitiva de
testemunhas. As apresentações das defesas das partes têm tempo limitado
em 10 minutos, podendo ter acréscimo com autorização do presidente da
comissão. Em seguida, cada auditor anunciará o voto com a pena a ser
aplicada, sendo Paulo Valed Perry, presidente da comissão, o último a se
pronunciar - anunciará também o veredicto. O primeiro a ler seu voto é o
relator de cada processo e os demais auditores acompanham, ou não, as
suas alegações.
O caso da Portuguesa foi cercado por uma polêmica
envolvendo o advogado que prestava serviço para o clube há nove anos,
Osvaldo Sestário. Responsável por defender a Lusa no julgamento de
Héverton, ele garantiu ter comunicado, por telefone, a suspensão do
jogador por duas partidas. O clube, por sua vez, assegura que só houve
comunicação de suspensão por um jogo. João Zanforlin deverá tentar
demonstrar que não houve intenção do clube em se beneficiar com a
escalação do jogador, visto que entrou em campo nos minutos finais da
partida, e contestar o dia em que a punição aplicada pelo tribunal se
torne válida. Como Héverton foi julgado na sexta, o clube acredita ter
argumentos para demonstrar que a penalidade só poderia ser aplicada a
partir de segunda-feira, invocando o direito de ampla defesa.
A
defesa da Portuguesa vai ter três depoimentos: do diretor jurídico
Valdir Rocha da Silva, do presidente Manuel da Lupa e do conselheiro
José Luis Almeida. Os três são advogados. Valdir Rocha da Silva foi a
quem Osvaldo Sestário, advogado que atuou no julgamento de Héverton,
afirmou ter passado a informação de que o jogador tinha sido suspenso
por dois jogos. Valdir não se pronunciou publicamente após o imbróglio e
foi preservado para o julgamento.
No caso do Flamengo, há outras
nuances, excluída a suposta falha de comunicação que entra no contexto
do julgamento do clube do Canindé. Os rubro-negros, mesmo sabendo da
suspensão de André Santos, consideraram que havia base legal para que o
jogador fosse escalado na última rodada por ter ficado fora da partida
anterior, contra o Vitória. A denúncia de infração foi feita por conta
da expulsão do jogador na final da Copa do Brasil, contra o Atlético-PR,
o que, acredita o Flamengo, forçaria que se cumprisse suspensão
automática na partida seguinte, contra o Rubro-Negro baiano. O Fla usará
em sua defesa pareceres de especialistas, como o do advogado Marcos
Motta.

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