O vice-presidente Michel Temer telefonou para o senador Vital
do Rêgo (PMDB-PB) nesta sexta-feira (7).
Disse-lhe que Dilma Rousseff
deseja acomodá-lo na poltrona
de ministro do Turismo, em substituição ao deputado federal Gastão
Vieira (PMDB-MA). Para desassossego de Temer, o senador recusou a
oferta.
Vital apresentou duas razões. Primeiro, acha que se trata de uma
pasta de pouca relevância (ele se refere ao Turismo com um vocábulo de
calão rasteiro). Em segundo lugar, o senador declarou que não cogita
passar por “traidor” da bancada do PMDB na Câmara, que lhe foi “muito
leal”.
O Turismo já está na cota de cinco ministérios que Dilma destinou ao
PMDB. Na divisão interna do partido, a pasta compõe a subcota do PMDB da
Câmara. Em setembro do ano passado, Vital recebera o aval de senadores e
deputados da legenda para ocupar o endinheirado ministério da
Integração Nacional.
Depois de dar de ombros para Vital, ignorando a preferência dos
aliados, Dilma convidou para a Integração outro senador do PMDB: o líder
Eunício Oliveira (CE). Fez isso a pedido do governador cearense Cid
Gomes (Pros), que deseja arrancar pela raiz a nascente candidatura de
Eunício ao governo do Ceará.
Eunício recusou o assédio de Dilma uma, duas, três, quatro,
cinco vezes. Súbito, a presidente decidiu nomear Vital. Não para a
Integração, que voltou para os domínios de Cid Gomes. Ela o quer no Turismo, a pasta que, além de ser considerada mixuruca, já pertence ao PMDB da Câmara.
Vitalzinho, como o senador é chamado pelos correligionários, avalia
que, aceitando o posto, pode ser visto como tolo, traidor e, de quebra,
também fisiológico. Sobretudo depois que Eunício disse “não” à
Integração Nacional cinco vezes.
Tudo isso acontece a 48 horas da reunião que Dilma marcou para este
domingo (9) com o generalato do PMDB: Temer e os presidentes da Câmara,
Henrique Eduardo Alves, e do Senado, Renan Calheiros.
Nesse encontro, a presidente pretendia: 1) fechar a conta do PMDB na
reforma ministerial; 2) escantear o desafeto Eduardo Cunha, que lidera
uma indomável bancada de deputados peemedebistas; e 3) apagar o incêndio
que levou seu principal aliado a comandar a constituição de um
megabloco de oito legendas hostis ao Planalto na Câmara, sete delas
governistas -mas com a lealdade ao governo já bem cansada.
Quando conversou com Vital, Temer estava nos Estados Unidos.
Desembarca em São Paulo neste sábado (8), em tempo retomar as
articulações e voar para o encontro com Dilma, no domingo. A turma do
‘deixa disso’ ainda insiste para que Vital engula ao Turismo. Mas,
tomado pelo que disse nesta sexta (8), o senador parece considerar o
ministério duro de roer. Ficou entendido que a pretendida pacificação do
PMDB talvez não seja empreitada para um final de semana.

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