Em nome do crescimento das cidades, será possível que uma dezena de municípios apresente candidatos únicos para a campanha que começa em julho. Este cenário de candidaturas únicas está se desenhando em municípios como São José de Caiana, Aguiar, Serra Grande, São João do Rio do Peixe, Santa Inês, Igaracy, entre outros.
Os casos de traição e reaproximação (e vice-versa) em alguns municípios, envolvendo os personagens políticos que vão estar no centro da campanha eleitoral deste ano, começaram logo no início do primeiro mandato, nos casos de quem está terminando o segundo mandato.
Um exemplo claro está em São João do Rio do Peixe, onde o prefeito Lavoisier Dantas está terminando o segundo mandato. Em 2004, Lavô, como é conhecido o prefeito, disputou a eleição contra José Aldeir e Airton Pires. Na época, tinha o apoio de José Nilton. Ganhou a parada. Logo que assumiu o mandato, Lavô se desentendeu com José Nilton por causa do rateio dos cargos na Prefeitura.
Lavô não atendeu às expectativas de Zé Nilton e o rompimento foi imediato. Após romper com José Nilton, Lavô passou a ter o apoio do deputado José Aldemir, irmão do adversário de 2004, José Aldeir. Em 2008, Lavó candidato à reeleição com apoio de Aldemir e Aldeir.
Revoltado, José Nilton se juntou na Airton Pires- que disputou contra Lavô- e indicou o filho, Rodrigo Fernandes, como candidato a vice. Mas Lavô foi reeleito. Em 2010, na campanha para deputado e governador, Lavô de desentendeu com José Aldemir e o rompimento foi inevitável. Hoje, Lavô e José Ninton voltaram a se entender e estão em “lua de mel” política. José Nilton será o candidato apoiado pelo atual prefeito. José Aldemir está aliado de Airton Pires, que nunca foi aliado de Lavô. Airton será o candidato adversário de José Nilton.
São José de Piranhas - Em São José de Piranhas, a família Lacerda voltou a se unir depois de quase dez anos de rompimento. Lá, o prefeito Domingos Lacerda é filho do ex-prefeito Neto Lacerda. Com o apoio do pai, Domingos foi eleito em 2008, enfrentando um poderoso esquema comandado pelo ex-deputado e ex-vice-governador José Lacerda Neto.
O ex-vice-governador é tio do ex-prefeito Neto Lacerda e do atual prefeito. Segundo a vereadora pessoense Raíssa Lacerda (prima do prefeito e do ex-prefeito), seu pai, José Lacerda, se fez as pazes e a recomposição política com os sobrinhos e toda a família vai marchar junta no projeto de reeleição de Domingos, embora, no plano político estadual, cada um siga uma liderança diferente.
José Lacerda e Raíssa Lacerda são filiados ao PSD do vice-governador Rômulo Gouveia, e também são aliados do governador Ricardo Coutinho (PSD). Mas os sobrinhos de José Lacerda (Neto Lacerda e Domingos Lacerda) não seguem o tio no apoio ao governador. Filiados ao PMDB, prefeito e ex-prefeito são aliados do ex-governador José Maranhão (PMDB), que deve disputar a Prefeitura de João Pessoa.
Reaproximação em Santa Rita - Depois de 30 anos de separação, as famílias Ribeiro Coutinho e Maroja, da cidade de Santa Rita, voltam a se reaproximar e vão, unidas, disputar as eleições municipais de outubro. Marcus Odilon, que está terminando seu terceiro mandato como prefeito de Santa Rita, se tornou adversário de Severino e Estefânia Maroja (marido e mulher) em 1982. De lá para cá, Severino Maroja foi prefeito de Santa Rita e Estefânia foi deputada estadual.
As duas família, que são originárias do mesmo tronco (Marcus e Severino são primos) permaneceram brigadas e separadas até às últimas eleições municipais. Voltaram a se reaproximar, aos poucos, do ano passado para cá. Até que decidiram fazer as pazes. Como prova da reaproximação político-familiar, o prefeito Marcus Odilon propôs uma chapa encabeçada pelo atual vice-prefeito, Gilvandro dos Anjos (que não é da família) para prefeito, tendo o ex-prefeito Severino Maroja como vice.
A chapa foi lançada em comum acordo com Ana Lúcia (primeira-dama) e Flaviano Quinto (ex-deputado estadual), pelo lado dos Ribeiro Coutinho, e Estefânia e Raquel (mãe e filha) pelo ramo dos Maroja. O prefeito Marcus Odilon comemorou a reaproximação e acredita que, juntas, as duas famílias podem derrotar o agora inimigo comum, Reginaldo Pereira, que já se candidatou a prefeito, sem êxito, pelo menos oito vezes.
Briga familiar em Pedras de Fogo - Em Pedras de Fogo, a briga política também é familiar. Tudo ia muito bem até meados do segundo semestre do ano passado, quando houve uma ruptura no grupo político e familiar que está no poder há mais de 20 anos, sob o comando do deputado federal Manoel Júnior (PMDB).
Manoel Júnior foi prefeito três vezes. A primeira vez, foi nos no início dos anos 90. Depois, foi eleito em 1996 e se reelegeu em 2000. Na reeleição, teve como vice Aurilécio Cunha. Em 2002, renunciou para disputar um mandato de deputado estadual. Aurilécio assumiu e terminou o mandato em 2004, com o compromisso de não disputar a reeleição e de apoiar a atual prefeita, Clarice Ribeiro, que é tia de Manoel Júnior. Clarice foi eleita e reeleita com o apoiou de Manoel Júnior e Aurilécio. Mas no ano passado, ela se desentendeu com o sobrinho e rompeu. Agora, Manoel Júnior tentará se vingar da tia, derrotando o seu esquema. Ela vai apoiar o vice, Sérgio Figueiredo. Ele deve apoiar o ex-prefeito Aurilécio, que será candidato pelo PT, mesmo contra a vontade do deputado federal Luiz Couto, inimigo político e pessoal de Manoel Júnior.
Ricardo Marcelo: primo traidor em Belém - No município de Belém, a família Barbosa de Lima está dividida politicamente. De um lado, está o prefeito Roberto Flávio Guedes Barbosa, no último ano do mandato. Do outro, estão os irmãos Tarcísio e Ricardo Marcelo, que são primos do prefeito e vão fazer de tudo para derrotá-lo.
O ex-prefeito e ex-deputado Tarcísio Marcelo vai para vai disputa imbuído de vingança política. Promete derrotar o esquema do prefeito Roberto Barbosa (PMDB). Na sua empreitada, Tarcísio Marcelo (PSB) terá o total apoio do irmão, o atual presidente da Assembleia Legislativa, Ricardo Marcelo (PSDB).
Roberto foi eleito com o apoio de Tarcísio e Ricardo Marcelo, que agora querem derrotá-lo.
Tarcísio e Ricardo acusam o prefeito Roberto Flávio de tê-los traído politicamente. “É um primo traidor”, disse Ricardo Marcelo, acrescentando: “Vamos para a disputa contra o esquema. Entraremos na disputa para ganhar. Ele é um traidor e nos vamos derrotá-lo nas próximas eleições”, frisou.
Ex-gestor de Mari promete vingança - No município de Mari, a questão também é de vingança pessoal. O atual prefeito, Antônio Gomes (PSDB), foi eleito, nas últimas eleições, devido ao empenho pessoal do então prefeito, Marcos Martins. Mas Antônio Gomes, logo que se elegeu, tratou de romper com o seu “criador político”. “Sem meu apoio, ele não se elegeria nem para vereador”, disse Marcos Martins.
Segundo ele, Antônio Gomes começou a traição logo que tomou posse. “Ele começou a trair desde o inicio da gestão. Passou a escantear todas as pessoas ligadas a mim”, garante Marcos Martins, para quem é questão de honra derrotar o atual prefeito nas eleições do dia 7 de outubro deste ano. “Se alguém perguntar a 15 pessoas em quem elas votam, pelo menos 10 dirão que vão votar em mim”, disse o ex-prefeito, que é filiado ao PSB.
Indagado por que o prefeito o traiu, Marcos Martins respondeu: “Por que eu votei para governador em Ricardo Coutinho. Ele queria que eu votasse em José Maranhão e eu não o acompanhei”. Marcos lembrou que a queda de braço entre os dois alcançou o auge nas eleições de 2010.
“Ele apoiou Hervázio Bezerra para deputado estadual e Wilson Filho para deputado federal. Eu apoiei Aguinaldo Ribeiro para estadual e Domiciano Cabral para federal. E os candidatos dele tiveram menos votos do que os meus. Ele não se conforma”, garante o ex-prefeito, que pode ter como candidato a vice o atual vice-prefeito, Jobson Ferreira, que rompeu com Antônio Gomes e resolveu ficar ao lado de Marcos, que é seu amigo.
Para não ficar isolado na disputa, Antônio Gomes resolveu se juntar a dois antigos adversários dele e de Marcos Martins: os ex-prefeito Adinaldo e Vera Pontes (marido e mulher), que devem indicar o candidato a vice na chapa do atual prefeito. Marcos Martins garante que o prefeito Antônio Gomes não lhe faz medo. “Vou derrotá-lo, porque ele não tinha condições, sequer, de ganhar para vereador”, repetiu.
Boqueirão: Fernandes se diz traído - No município de Boqueirão, o caso não é familiar como em São José de Piranhas e Santa Rita. Lá, o problema é de traição. O ex-prefeito, ex-deputado estadual e ex-presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba, João Fernandes da Silva, por duas vezes abriu mão da disputa para apoiar o prefeito Carlos José, filho do ex-deputado federal e ex-presidente da Assembleia, Carlos Marques Dunga.
Em troca, João Fernandes recebeu a promessa e a garantia de Carlos Dunga, de que teria seu apoio na disputa da Prefeitura de Boqueirão em 2012. Mas no segundo semestre do ano passado, Carlos Dunga, segundo José Fernandes, começou a mudar de idéia, já sinalizando uma traição que está concretizada. Sentindo-se traído por Carlos Dunga, que apoiará José Renato Araújo (PTB), conhecido como Renato da Ambulância, a prefeito de Boqueirão, José Fernandes garante que vai para a disputa disposto a se vingar e ganhar as eleições.
“Renato da Ambulância é do PTB, tem o apoio dos vereadores e lideranças e está bem cotado nas pesquisas. Diante disso, eu e o prefeito Carlos José decidimos apoiá-lo nas eleições de 2012, cabendo ao PT indicar o candidato a vice-prefeito”, disse Carlos Dunga a um portal de notícias da cidade de Boqueirão. Para justificar a traição a João Fernandes, Dunga diz que a questão é partidária. Ele teria convidado Fernandes para se filiar ao PTB, mas o mesmo não aceitou por ser secretário estadual do PSDB.
Há quem aposte numa união entre João Fernandes e o grupo político do ex-deputado João Paulo e da ex-prefeita Joanita Leal, sua irmã. É provável que João Fernandes tenha um filho de João Paulo como candidato a vice ou o contrário: que Fernandes seja candidato a vice de um filho de João Paulo. As conversas estão em andamento.
Exemplos na política estadual - A política estadual, por exemplo, está repleta de exemplos de traiç~eos, rompimentos e reconciliações. O PMDB, ainda hoje o maior partido do Estado, já reuniu no mesmo espaço nomes como Tarcísio Burity, Ronaldo Cunha Lima, Cícero Lucena, Humberto Lucena, Antônio Mariz, Cássio Cunha Lima, José Maranhão, entre outros. Mas em determinado momento, Burity e Ronaldo (ambos ex-governadores) se desentenderam. Tempos depois, Ronaldo deu três tiros em Burity. Isso foi em 94.
Naquele momento, o PMDB todo ignorou que Burity tinha sido governador pelo partido e ficou ao lado de Ronaldo. Pouco tempo depois, Antônio Mariz se elegeu governador e morreu meses mais tarde. José Maranhão assumiu o governo com apoio de Ronaldo, Cássio e Humberto Lucena. Não demorou muito e houve um rompimento entre Maranhão e Ronaldo. Resultado: numa festa em Campina Grande, Ronaldo apontou o dedo para a cara de Maranhão, em tom ameaçador. Rompidos, Maranhão ficou no PMDB e Ronaldo zarpou do partido rumo ao PSDB na companhia do filho, Cássio, e do amigo Cícero Lucena.
A guerra entre os dois grupos estava apenas começando. Maranhão se reelegeu governador em 2008, impondo derrota ao esquema de Cunha Lima. Em 2002, Maranhão se elegeu senador, mas seu candidato a governador, Roberto Paulino, perdeu para Cássio Cunha Lima, que se reelegeu em 2006, derrotando o próprio Maranhão.
Mas Maranhão não se deu por satisfeito com a derrota. Contestou a vitória de Cássio e, em 2007, conseguiu um feito inédito na Justiça da Paraíba: Cássio foi cassado, decisão que se confirmou fevereiro em 2009 pelo Tribunal Superior Eleitoral. Maranhão assumiu o Governo.
Em 2004, o PMDB ensaiou com o deputado Manoel Júnior uma candidatura a prefeito de João Pessoa. Raposa velha na política, ao perceber que Ricardo Coutinho tinha reais chances de vitória, Maranhão mandou Manoel Júnior retirar a candidatura e propôs um acordo com Ricardo Coutinho.
O acordo foi vitorioso. Ricardo e Manoel Júnior foram eleitos prefeito e vice derrotando o esquema apoiado por Cássio Cunha Lima e Cícero Lucena (então governador e prefeito de João Pessoa), que tinha Ruy Carneiro como candidato.
O acordo de Maranhão com Ricardo se repetiu em 2008. Mas em 2009, ao assumir o governo, em consequência da derrota de Cássio na Justiça, Maranhão logo cuidou em dizer que seria candidato à reeleição. Mas Ricardo também queria o Palácio da Redenção. Resultado: Ricardo rompeu com Maranhão e se juntou ao até antão inimigo comum aos dois: Cássio Cunha Lima. E derrotou Maranhão.
Hoje, Maranhão e Cícero Lucena têm Ricardo como inimigo comum. O governador tentará eleger o prefeito de João Pessoa. Tem dois nomes no páreo: Nonato Bandeira e Estelizabel Bezerra. Em tom de vingança e revanche, Cícero Lucena e José Maranhão já se apresentam como pré-candidatos. Os dois têm motivos políticos de sobra para tentar derrotar o esquema de Ricardo. Cícero não perdoa o governador por denúncias feitas no passado. E Maranhão não se conforma com a derrota que sofreu em 2010.
Fonte:Jefter News
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