Era para ser uma noite histórica para o futebol brasileiro. Mais de 15
mil corintianos provaram sua devoção ao clube ao permanecer por quase
três horas, alguns até mais, na frente do portão 3 do Aeroporto de
Congonhas para se despedir do elenco antes do Mundial. No entanto, a
festa não terminou como esperado. O cenário de alegria virou uma guerra.
Isso porque, após os jogadores descerem do ônibus na pista e acenarem
para o bando de loucos, que tomava as ruas de acesso ao Aeroporto, a
festa não acabou. A torcida deixou a rua e se direcionou ao
estacionamento e saguão de Cumbica. Foi questão de minutos para a
baderna se instaurar.
A cena no saguão era impressionante. Corintianos lotavam todo espaço,
impedindo que passageiros trafegassem pelo local. Faixas e bandeiras
estendidas nos corrimões. Uma festa que não ficou apenas nos cantos de
amor ao clube. Alguns vândalos incendiaram lixeira, acionaram os
extintores de incêndios, lançaram os papéis higiênicos dos banheiros nos
corredores e destruíram até a árvore de natal.
"Eu estava desembarcando e de repente vi uma multidão correndo. Parecia
arrastão. Me escondi e fiquei com medo. Não tinha um policial", disse
Gleide Oliveira, que veio de Uberlândia para encontrar o filho que
voltava da Nova Zelândia.
Por conta da depredação, todo o efetivo da polícia militar, que estava
voltado para a festa na área externa, foi chamado para acabar com a
bagunça. Com um cordão de isoltento, os torcedores deixaram o saguão
rapidamente, mas migraram a batucada para o estacionamento do Aeroporto.
Com cerca de mil torcedores fechando as ruas que dão acesso à área de
desembarque, o trânsito parou. Ninguém chegava e ninguém saia do
Aeroporto. A fila do táxi era gigantesca. Sem conseguir dispersar a
torcida, a PM acionou a tropa de choque. O que gerou mais confusão.
Com balas de borracha e bomba de gás lacrimogênio, a ação policial,
enfim, acabou com a festa, mas gerou irritação nos torcedores, que
quebraram muitos carros estacionados. O clima de guerra deixou crianças
chorando, mulheres desesperadas e muitos torcedores revoltados com a
brutalidade da polícia.
"Não teve exagero. Faltou educação. Eles tinham o espaço da festa e
depois desrespeitaram tudo. Incendiaram, atacaram garrafas e não foram
embora quando mandamos", afirmou o Tenente Coronel Celso, um dos líderes
da operação policial.
Após a confusão com a polícia, três torcedores foram presos e
deixaram o aeroporto algemados. Segundo a polícia militar, ninguém ficou
ferido gravemente.
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