Por unanimidade, o Tribunal Superior Eleitoral aceitou
nesta terça-feira liberar ao PSDB acesso aos arquivos eletrônicos e
demais documentos referentes à totalização dos votos da eleição
presidencial. Com esses dados, os tucanos poderão realizar uma auditoria
própria do resultado. Ao saber da decisão do TSE, deputados tucanos
comemoraram no plenário da Câmara. A corte, porém, negou o pedido da
sigla para criar uma comissão multipartidária para auditar o pleito por entender que o partido não tem legitimidade jurídica para atuar em nome de outras legendas.
Ao aprovar a liberação dos arquivos ao PSDB, o presidente do TSE José
Dias Toffoli ressaltou que todos os procedimentos deferidos constam em
resoluções da corte que tratam da transparência do processo eleitoral e
estavam disponíveis antes da eleição. No segundo turno, o PSDB
foi derrotado pela presidente Dilma Rousseff por uma diferença de três
pontos.
Apesar de aprovar o fornecimento dos dados, Toffoli criticou os
argumentos usados pelos tucanos no pedido e afirmou que o PSDB não
apresentou indícios de fraude no pleito, limitando-se a relatar a
descrença de algumas pessoas no resultado da votação. O presidente da
corte garantiu a transparência das eleições e ressaltou que o
desenvolvimento dos programas usados na apuração das urnas esteve a
disposição, desde abril, de todos os partidos políticos, do Ministério
Público Eleitoral (MPE) e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), desde o
momento em que começaram a ser elaborados.
Em seu voto, o ministro Gilmar Mendes defendeu que a Justiça Eleitoral
acabe com suspeitas de fraude no resultado nas eleições, mesmo que sejam
descabidas e levantadas por meio das redes sociais. Segundo o ministro,
o pedido do PSDB contribui para a pacificação do assunto.
Denúncias – Na
ação apresentada ao TSE, o coordenador Jurídico Nacional do PSDB, o
deputado federal Carlos Sampaio, ressaltou que, passadas as eleições,
surgiram uma série de denúncias e desconfianças por parte da população.
"Nas redes sociais, os cidadãos brasileiros vêm expressando, de forma
clara e objetiva, a descrença quanto à confiabilidade da apuração dos
votos e a infalibilidade da urna eletrônica, baseando-se em denúncias
das mais variadas ordens, que se multiplicaram após o encerramento do
processo de votação, colocando em dúvida desde o processo de votação até
a totalização do resultado”, diz.
A ação pedia a criação de uma comissão de especialistas indicados pelos
partidos políticos para analisar diversos documentos, como as cópias de
boletins de urnas de todas as sessões eleitorais do país e dos logs
originais e completos das urnas, ordens de serviço e registros técnicos
sobre atualização e manutenção do sistema e acesso aos programas, além
de todos os arquivos presentes nas urnas eletrônicas. Parte dos
documentos, como os boletins de urna, estão disponíveis para acesso
público pela internet. Outros podem ser requisitados pelos partidos com
base nas resoluções do TSE.
O corregedor-geral da Justiça Eleitoral chegou a classificar o pedido do
PSDB como "prejudicial" à democracia. Outros ministros usaram a
expressão "desserviço" e "antidemocrático" para se referir à
solicitação, mas afirmaram que o tema será discutido para "esclarecer" o
processo eleitoral à sociedade. Pela solicitação do PSDB e notícias
divulgadas, ministros avaliam que não há "nenhum fato concreto" que
motive uma auditoria.
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