segunda-feira, 16 de maio de 2016

Em entrevista, Temer revela que não pretende disputar a reeleição em 2018

O presidente interino, Michel Temer (PMDB), disse em entrevista ao programa "Fantástico", da TV Globo, na noite deste domingo (15) que não será candidato à reeleição em 2018. Temer disse que a pergunta era "complicada", mas ao final negou a candidatura. Segundo ele, esta decisão permite que ele não pratique gestos e atos focados em uma nova eleição. 

"Não é a minha intenção [ser candidato]. Aliás, não é a minha intenção, e é a minha negativa. Eu estou negando a possibilidade de uma eventual reeleição, até porque isso me dá maior tranquilidade, eu não preciso praticar gestos ou atos conducentes a uma eventual reeleição. Eu posso ser até - digamos assim - impopular, mas desde que produza benefícios para o país, para mim é suficiente", declarou o peemedebista.

Temer admitiu sua impopularidade, mas ressaltou que tem "legitimidade constitucional" para estar no cargo, além de longa trajetória política. "Fui eleito com ela [Dilma]. Os votos que Dilma recebeu, recebi também", disse o presidente interino, referindo-se à sua colega de chapa na reeleição de 2014. "O PMDB também trouxe muitos votos a Dilma."

"Reconheço que não tenho inserção popular. Só terei se produzir efeitos benéficos para o país", disse ele.

Na entrevista, concedida no Palácio do Jaburu, em Brasília, Temer reforçou o seu discurso de que pretende fazer com que o Brasil se equilibre economicamente, politicamente e eticamente. Em um recado ao PT, que disse que fará oposição forte ao governo liderado pelo presidente interino, Temer afirmou que o país precisa de pacificação e unificação, e isso inclui todos os partidos políticos, empregadores e trabalhadores. Ele chegou a dizer que vê como possível a possibilidade de esta pacificação incluir o PT, e citou a presidente afastada Dilma Rousseff. "Uma coisa é o impedimento, outra é o não reconhecimento de alguém que presidiu o país", disse.

Temer falou ainda sobre a nomeação de ministros citados na Operação Lava Jato e em outras investigações, e ressaltou que se forem encontradas irregularidades administrativas, qualquer ministro pode ser demitido. Segundo ele, sua primeira resposta à sociedade foi a redução do número de ministérios, e que a composição de natureza política de seu gabinete de ministros é inevitável. "Os partidos trouxeram nomes e escolhi os melhores neste sentido". Segundo o presidente interino, seus escolhidos são "notáveis politicamente e administrativamente".

Questionado sobre a situação de Romero Jucá, investigado na Lava Jato, Temer afirmou que seu ministro do Planejamento não é réu, e é uma pessoa com "competência administrativa extraordinária" com capacidade de articulação política e que o está ajudando na tarefa de governar o país. "Não temos que pensar que o investigado vive uma espécie de morte civil". Temer disse somente que vai examinar o afastamento de Jucá se ele se tornar réu, o que ainda depende do STF (Supremo Tribunal Federal).

 

Mulheres fora do 1º escalão do governo

Questionado sobre a ausência de mulheres em seu ministério, Temer rebateu afirmando que a sua chefe de gabinete, Nara de Deus Vieira, é uma mulher e, segundo ele, este é um dos principais cargos e Nara já participou de reuniões desde quinta-feira, quando ele assumiu o governo interinamente.

Temer afirmou ainda que pretende nomear mais três mulheres para cargos em seu governo, nas secretarias de Cultura, Ciência e Tecnologia e de Igualdade Racial e da Mulher -- nenhuma delas com status de ministério. 

Michel Temer assumiu como presidente interino na quinta-feira (12), depois que o Senado deu aval à abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, afastada do cargo desde então. No mesmo dia, Temer anunciou o seu gabinete de ministros, sem a nomeação de nenhuma mulher, nenhum negro e com ao menos 3 citados na operação Lava Jato.

Acusada de crime de responsabilidade por maquiar contas públicas, Dilma foi afastada do poder após votação do Senado, que terá até 180 dias para julgá-la. Se for considerada culpada, Temer terminará seu mandato.

Dilma afirma que não fez nada errado e que o movimento do impeachment significa a derrubada de um governo eleito democraticamente. Dilma tem acusado Temer, um antigo aliado, de conspirar com os inimigos políticos dela para tomar o comando do País.

Fonte: UOL

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