O presidente interino, Michel Temer (PMDB), disse em entrevista ao
programa "Fantástico", da TV Globo, na noite deste domingo (15) que não
será candidato à reeleição em 2018. Temer disse que a pergunta era
"complicada", mas ao final negou a candidatura. Segundo ele, esta
decisão permite que ele não pratique gestos e atos focados em uma nova
eleição.
"Não é a minha intenção [ser candidato]. Aliás, não é a
minha intenção, e é a minha negativa. Eu estou negando a possibilidade
de uma eventual reeleição, até porque isso me dá maior tranquilidade, eu
não preciso praticar gestos ou atos conducentes a uma eventual
reeleição. Eu posso ser até - digamos assim - impopular, mas desde que
produza benefícios para o país, para mim é suficiente", declarou o
peemedebista.
Temer admitiu sua impopularidade, mas ressaltou que tem "legitimidade
constitucional" para estar no cargo, além de longa trajetória política.
"Fui eleito com ela [Dilma]. Os votos que Dilma recebeu, recebi também",
disse o presidente interino, referindo-se à sua colega de chapa na
reeleição de 2014. "O PMDB também trouxe muitos votos a Dilma."
"Reconheço que não tenho inserção popular. Só terei se produzir efeitos benéficos para o país", disse ele.
Na entrevista, concedida no Palácio do Jaburu, em Brasília, Temer
reforçou o seu discurso de que pretende fazer com que o Brasil se
equilibre economicamente, politicamente e eticamente. Em um recado ao
PT, que disse que fará oposição forte ao governo liderado pelo
presidente interino, Temer afirmou que o país precisa de pacificação e
unificação, e isso inclui todos os partidos políticos, empregadores e
trabalhadores. Ele chegou a dizer que vê como possível a possibilidade
de esta pacificação incluir o PT, e citou a presidente afastada Dilma
Rousseff. "Uma coisa é o impedimento, outra é o não reconhecimento de
alguém que presidiu o país", disse.
Temer falou ainda sobre a
nomeação de ministros citados na Operação Lava Jato e em outras
investigações, e ressaltou que se forem encontradas irregularidades
administrativas, qualquer ministro pode ser demitido. Segundo ele, sua
primeira resposta à sociedade foi a redução do número de ministérios, e
que a composição de natureza política de seu gabinete de ministros é
inevitável. "Os partidos trouxeram nomes e escolhi os melhores neste
sentido". Segundo o presidente interino, seus escolhidos são "notáveis
politicamente e administrativamente".
Questionado sobre a situação de Romero Jucá, investigado na Lava Jato,
Temer afirmou que seu ministro do Planejamento não é réu, e é uma pessoa
com "competência administrativa extraordinária" com capacidade de
articulação política e que o está ajudando na tarefa de governar o país.
"Não temos que pensar que o investigado vive uma espécie de morte
civil". Temer disse somente que vai examinar o afastamento de Jucá se
ele se tornar réu, o que ainda depende do STF (Supremo Tribunal
Federal).
Mulheres fora do 1º escalão do governo
Questionado sobre a ausência de mulheres em seu ministério,
Temer rebateu afirmando que a sua chefe de gabinete, Nara de Deus
Vieira, é uma mulher e, segundo ele, este é um dos principais cargos
e Nara já participou de reuniões desde quinta-feira, quando ele assumiu o
governo interinamente.
Temer afirmou ainda que pretende nomear
mais três mulheres para cargos em seu governo, nas secretarias de
Cultura, Ciência e Tecnologia e de Igualdade Racial e da Mulher --
nenhuma delas com status de ministério.
Michel Temer assumiu
como presidente interino na quinta-feira (12), depois que o Senado deu
aval à abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma
Rousseff, afastada do cargo desde então. No mesmo dia, Temer anunciou o
seu gabinete de ministros, sem a nomeação de nenhuma mulher, nenhum
negro e com ao menos 3 citados na operação Lava Jato.
Acusada de
crime de responsabilidade por maquiar contas públicas, Dilma foi
afastada do poder após votação do Senado, que terá até 180 dias para
julgá-la. Se for considerada culpada, Temer terminará seu mandato.
Dilma afirma que não fez nada errado e que o movimento do impeachment
significa a derrubada de um governo eleito democraticamente. Dilma tem
acusado Temer, um antigo aliado, de conspirar com os inimigos políticos
dela para tomar o comando do País.
Fonte: UOL
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